terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Publicidades misóginas. Diga não!


No Brasil, a mulher teve o direito a votar em 1946, 50 anos após o primeiro país a permitir o voto feminino, a Nova Zelândia. De lá para cá mudou pouco. Os conceitos e preconceitos ainda estão na formação da cultura brasileira.
A exemplo de algumas publicidades inimigas da mulher. São propagandas que ferem sua auto-estima e sua dignidade. Não é exagero. Os termos depreciativos misóginos são tão comuns que passam despercebidos.
Ouvimos falar tanto em xenofobia, racismo e homofobia, mas pouco se fala sobre a misoginia, o ódio pelo sexo feminino. E a televisão ajuda muito na aceitação desse comportamento de homens e mulheres, seja nas novelas ou nos comerciais.
Apesar de as publicidades brasileiras serem uma das melhores do mundo, existem infelizmente alguns profissionais que buscam nos esgotos do machismo inspiração para reforçar o esteriótipo de que mulher pode ser submissa, inferiorizada, ridicularizada, atentando contra sua  dignididade.
As cenas depreciam a figura da mulher em vários sentidos: na sua capacidade intelectual, no seu aspecto físico e até mesmo na sua “sensibilidade” humana.
Basta de publicidades preconceituosas contra a mulher. Vamos boicotar essas mensagens humilhantes.
Somos também consumidoras e exigimos respeito.
Vamos deixar de comprar marcas que atentam contra a dignidade da mulher.
Exija dos publicitários esse respeito. Telefonem para as agências, enviem e-mails, reclamem contra essas degradações do feminino. Faça a sua parte.

A seguir, exemplos de marcas que devemos boicotar.
Se alguém conhecer outras, ou se porventura tiverem o vídeo, por favor nos encaminhe.

GVT banda larga
Uma voz masculina discursa em off enquanto aparece as imagens do que fala “Não adianta ter o melhor cabelo. Não adianta ter o melhor carro. Não adianta ter a mulher mais bonita. Mas você pode ter a melhor banda larga. A melhor banda larga é a GVT”.
Assim como o carro e a banda larga, a mulher é exposta como produto para ser consumido e exibido como troféu (carro, melhor cabelo, mulher mais bonita, banda larga). A colocação da mulher entre os objetos de consumo denota a completo desprezo contra a figura da mulher.

Lançamento Clio 2011, da Renault
clique para ver o comercial
A publicidade chama atenção pela mensagem hipócrita de mentiroso e traidor, quando o interlocutor declara a sua esposa ”Você sabe, para mim só existe você”.
A traição é considerada por muitos uma prática habitual nos homens. Durante o casamento o casal realiza um pacto de fidelidade, que não é respeitado.
O mesmo ocorre quando dois amigos formalizam uma sociedade porque há confiança e respeito mutuo. Até que um deles descobre que o outro causou um rombo na empresa e desapareceu com o dinheiro.
Na traição conjugal é a mesma coisa. Ninguém gosta de ser traído. Sugiro aos homens que se coloquem no lugar de traídos para ver se gostariam dessa sensação. Lembre-se “Não faça aquilo que não deseja para si mesmo”


Pegada – “Pra conquistar tem que ter Pegada” é o slogan pouco sublime da marca de calçados masculinos. Brega e pobre, o nome do calçado sugere apelo sexual. E, pior, a sua publicidade tem conotação machista deixando claro que a mulher é ruim no volante. É o que acontece com o personagem da atriz Karina Bacchi que não consegue estacionar o seu carro de luxo. O personagem de Murilo Rosa se oferece para ajudá-la estacionando o carro. Ao final aparecem os dois e a atriz comenta: “Tem que ter pegada”.
O apelo publicitário não agradou nem ao próprio ator, não entendo por quê ele se submeteu a um anúncio brega e preconceituoso como esse.

Dolce @ Gabbana - A Campanha de Domenico Dolce e Stefano Gabbana foi retirada em todo o mundo. Um exemplo a ser seguido por nós mulheres e homens, e começarmos a criticar essas humilhações impostas subliminarmente.
A campanha foi proibida primeiramente na Espanha e Itália, pois “ofende a dignidade da mulher”, segundo o Instituto de Autodisciplina Publicitária (IAP). Para o IAP, o anúncio representa, “de forma humilhante”, uma figura feminina “de olhar ausente, submetida à vontade de um homem”.

Se somente com essa imagem eles exigiram a retirada da campanha, as propaladas por esses pseudo-publicitários acima, que colocam a mulher como objeto de consumo, não seriam sequer apreentadas para os empresários.  

Nenhum comentário: