segunda-feira, 28 de março de 2011

Jovens casais do século XXI: uma revolução no comportamento

Eu ainda vou presenciar o dia em que todas as mulheres brasileiras dividirem as tarefas de casa com seus maridos e companheiros de forma natural e equilibrada. Você já pensou nisso? Estamos um pouco atrasados em relação a Europa, mas já começamos a ver essa mudança.
Na Europa, sobretudo na França,  a Revolução Cultural começou em 1968, atingindo todas as classes, profissões e credos e sacudiu os valores da velha sociedade. Começaram a questionar o falso moralismo, a educação e a sexualidade, entre outras coisas, e romperam com os dogmas antigos. Um exemplo disso que coloco eu pude observar numa família francesa que eu tive o prazer de conhecer: Annete, Pierre e seus dois filhos. Quando morei na França, eu e meu companheiro estabelecemos amizade e eles nos convidaram a jantar na residência. Ficamos surpresos ao encontrar o Pierre fazendo o jantar enquanto ela ajudava  as crianças na lição de casa. Com a maior naturalidade, eles continuaram suas tarefas dizendo: por favor podem ficar à vontade na sala que já terminamos nosso serviço. Ou seja, nada de as mulheres ficarem na cozinha trabalhando e os homens bebericando na sala de visitas. A divisão de tarefas da casa acontecia sem estresse.
Certa vez, Annete me convidou para ir para Paris. Ela era bancária e queria se despedir de um amigo de trabalho que pediu transferência para o Canadá. Eu perguntei: Mas e seu marido, não vai? Não. Ele vai ficar com as crianças. Ele deixa você viajar assim com as amigas?  Claro! Por que haveria de não deixar? Fiquei atônita... Depois ela me explicou que uma vez ao ano cada um pega um rumo diferente por alguns dias: as crianças viajam com a escola para acampamentos juvenis, Seu marido viaja com amigos para pescar e ela também tira seus dias fora da rotina. Eu não entendia como era possível manter um relacionamento assim.
Viajamos com mais uma amiga. Eu, com minha cabecinha criada num ambiente machista, acreditei que  ela aproveitaria a ocasião para procurar uma aventura fora do casamento. Nada! As três encontramos com o amigo dela, que morava em Versailles, passeamos pelo centro de Paris e visitamos museus. Anos depois eu compreenderia melhor. Aquelas viagens em separado era uma prova de amor não possessivo, respeito e confiança.
A revolução cultural no Brasil começa a se firmar. Os jovens casais do século XXI criaram novos conceitos comportamentais que na minha época eram inadmissíveis. Eu me considero vanguardista de uma época porque fui a primeira de uma grande família a sair de casa antes do casório. "Que horror", diria com ironia o apresentador e jornalista Paulo Henrique Amorim. Mas vejo que os exemplos de agora são muito mais comuns do que antigamente e as relações entre homem e mulher estão mudando gradualmente. Todas essas  mudanças posso presenciar na minha própria família. Uma sobrinha foi estudar no Rio de Janeiro e buscar a felicidade e a outra casou-se sem mudar seu sobrenome. E mais, compartilha muitos dos afazeres da casa com o marido. Parabéns para todas nós. Parabéns para eles. Parabéns para a humanidade.

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